domingo, 5 de fevereiro de 2012

QUE TERRENO SOU EU?


A parábola do semeador aduz que existem quatro tipos de solo, onde a semente da palavra pode ser lançada: a beira do caminho, em pedregais, entre espinhos e a boa terra.

Segundo o Verbo que se fez carne, a semente lançada a beira do caminho serve de comida para as aves, são aquelas pessoas que ouvindo a palavra, não a compreendem e logo o maligno arrebata o que foi semeado.

Não possuem firmeza, nem o mínimo de fé para crer no Altíssimo. Aliás, abominam o termo “fé”. Não acreditam no poder de Deus, combatem a chamada “ilusão dogmática”. Ousam dizer que foram os homens que criaram Deus, como o centro do maior instrumento de dominação já concebido: a religião. Dizem que a religião é “o ópio do povo”, ferramenta de ordem social, para impedir que o pobre mate o rico e que a sociedade entre em colapso.

Instrumento dos poderosos para manterem-se no poder, criando a esperança de uma recompensa futura aos oprimidos, recompensa essa após a morte, recompensa no eterno, recompensa na ilusão.

Tudo deve ser provado. O que não é argumentado sob os rigores da metodologia científica, não merece crédito. É dogma, é fábula, “conversa para boi dormir”.

A semente entre pedregais são as pessoas que ouvem a palavra e a recebem como alegria, mas “não tem raiz em si mesmas; antes, são de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se ofendem” (Mt 13: 21).

Diversas pedras dessa vida impedem o desenvolvimento do Cristão. Aduzia o poeta que: “no meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra do meio do caminho”, mas na caminhada cristã várias são as pedras, aliás existem pessoas que fazem de si próprias terrenos pedregosos. São indivíduos sem raiz, visto que o duro terreno da alma impede o alicerce da fé.

A priori, alegram-se com as boas novas. Contudo, como não possuem raízes em si mesmas, logo são levadas por qualquer vento de doutrina. Não suportam a opressão. Escandalizam-se pelo puro e pelo justo. Negam a fé. Sedem aos modismos, a libertinagem de uma sociedade sem pudor. Cansaram de remar contra a maré, e agora seguem em direção ao oceano do senso comum.

A semente entre os espinhos “é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mt 13:22).

Os espinhos desse mundo seduzem a muitos. Os cuidados dessa existência material consomem milhares. O amor pelas riquezas é alicerce dos males, dizia o sábio. Como se fosse possível transferir a propriedade para o eterno. A crença em tantas ilusões traz uma confusão sem precedentes.

Isso oprime e sufoca os valores eternos, tais como: o amor, a humildade, a paz, a bondade, a benignidade, a compaixão, a pureza, a santidade.

Como seria possível frutificar diante de tamanha opressão? Com tantos cuidados materiais como é possível pensar no espiritual?

Já dizia o sábio: “Vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido”.

Se não vivem, o que fazem? Simplesmente existem! Não há nada mais triste!

Mas, ainda, há a terra boa! Aquelas pessoas que ouvem, compreendem e praticam. Geram frutos, muitos frutos, “um produz cem, outro, sessenta, e outro trinta”. Não importa a quantidade, sempre há produção.

A terra boa é terra fértil. Aqueles que compreendem o desígnios do eterno, analisam a transitoriedade da vida e verificam o que convém ou não nessa passagem pela terra.

A boa terra permite ser arada, trabalhada. Isso as vezes pode doer, mas é necessário para que haja frutificação.

Não vivem para si, mas amam a Deus acima de todas as coisas e o próximo como si mesmo.

Que terreno sou eu?

Um pouco de todos ou talvez nenhum. Sou o solo fértil, sou o espinho, sou a pedra e sou o “pé do caminho”. Eis a minha condição humana. Sou capaz de bons atos, mas sou capaz de abomináveis pensamentos.

Eis a minha condição humana. A minha imperfeição manifesta. E ao mesmo tempo, o meu anseio pelo perfeito, pelo santo e pelo justo que estão no Altíssimo.

Que terreno sou eu? Que terreno é você?

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